06/05/2010

6 - Os Festejos da Vitória

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O Duque de Lencastre, para lhes agradecer, albergou no seu palácio os portugueses. E, enquanto eles não regressaram a Portugal, todos os dias lhes ofereceu divertimentos, bailes e jantares, onde nunca faltavam as doze damas. Em casa do Duque de Lencastre, e quando os nossos cavaleiros se iam sentar à mesa, as damas quiseram lavar as mãos dos seus respectivos campeões. Onze aceitaram cortesmente esta delicadeza; porém Magriço o não consentira à sua, porque, tinha ele tantos pêlos nas suas enormes mãos, que se lhe não viam as unhas. Instado pela dama, lhe respondeu - "Sabei, senhora, que as minhas mãos, segundo as tenho, tão grosseiras e cabeludas, poderão ser-vos molestas, e temo que vos causem desgosto." - ao que a dama respondeu - "Antes, quanto elas assim são mais fortes e valentes, devo eu lava-las com maior acatamento, pois me salvaram da desonra e infâmia, que sem duvida, me era de maior desgosto." - Então o cavaleiro consentiu que ela lhe deitasse a agua.



Seguiu-se o repasto.Os alimentos em sua maior parte eram servidos em pratos ou em potes de ensopado, e as pessoas pegavam suas porções dos pratos e colocavam-na em recipientes de madeira, de pão seco ou de peltre com a ajuda das mãos.



Antes da refeição, o estômago foi preparado com um aperitif que era de natureza quente e seca: confeitos feitos de açúcar— ou mel —, condimentos revestidos, como gengibre, alcaravia e sementes de erva-doce, ou cominho, vinho e bebidas de leite adoçadas e fortificadas.
O primeiro prato a ser servido foi uma bela carne de porco seguídos de leitões alimentados somente com o leite da mãe que era uma iguaria muito apreciada. Seguiu-se uma carne de carneiro e de cordeiro, comuns, nestas festanças. Diferentemente da maior parte do mundo ocidental moderno, todas as partes do animal eram comidas, incluindo orelhas, focinho, cauda, língua e ventre. Entre as carnes que estavam presentes e que hoje são raras ou até mesmo consideradas inapropriadas para consumo humano eram a de ouriço e de porco-espinho.
Como o estômago fora “aberto”, deveria ser "fechado" no fim da refeição com a ajuda de um digestivo, que naqueles tempos consistia em massas de açúcar condimentadas, ou hypocras, um vinho aromatizado com condimentos fragrantes, juntamente com queijo velho.
Depois do repasto e antes do merecido repouso, as damas e os portugueses dançavam a Estampie, que era uma dança sapateada e o tradicional e famoso Saltarello que era uma dança saltitante. Já a noite ia alta quando os valoroso cavaleiros portugueses, meios ébrios, regressavam aos seuis aposentos.

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